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LGPD na recepção: como evitar multas e blindar sua clínica desde o primeiro contato com o paciente

  • Foto do escritor: Alessandra Calisto Piloto
    Alessandra Calisto Piloto
  • 27 de ago.
  • 4 min de leitura

Imagine um pequeno centro de saúde que sempre prezou pelo bom atendimento e pela simpatia da recepção. No entanto, como muitas clínicas brasileiras, ela nunca deu a devida atenção à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), especialmente nessa área tão sensível. Afinal, “sempre foi assim” e nunca houve problema, pensavam.


Para realizar os processos da clínica, a recepção era porta de entrada da coleta da maioria dos dados pessoais dos pacientes que circulavam o local. Os processos nunca foram revisitados. Quando o paciente chegava, era solicitado para preencher um extenso formulário de informações pessoais, muitos sem qualquer relação com a finalidade do atendimento. Os pacientes não recebiam informações claras sobre como seus dados seriam usados, compartilhados ou protegidos.


Atrás da mesa das secretárias existia um balcão com uma série de arquivos dos pacientes. O arquivo não tinha chave e as informações muitas vezes se perdiam ou dados de um paciente acabavam aparecendo na pasta de outro paciente.


Como todos os formulários eram preenchidos à mão, a clínica possuía uma quantidade bastante expressiva de papeis e arquivos. Os arquivos menos utilizados eram incluídos numa sala que aos poucos se tornou o arquivo. A sala era simples e improvisada, sem precauções em relação à umidade ou incêndio.


Ainda, para confirmar as consultas ou agendar retornos, as recepcionistas utilizavam seus próprios celulares e aplicativos pessoais.


Acordando para a realidade: a desconfiança dos pacientes


Com o passar do tempo, alguns pacientes começaram a manifestar preocupação. "Será que os meus dados estão seguros?", "por que vocês pedem essa informação?", “Por que um celular pessoal confirma minha consulta?”. A clínica começou a notar uma queda na satisfação e até possíveis desistências.


Foi nesse momento que a gestão percebeu: se continuarem assim poderiam perder a confiança da comunidade — o ativo mais valioso de um negócio da saúde.


A virada: como iniciar mudanças no tratamento de dados pessoais dentro das clínicas?


O passo inicial é mapear os processos e identificar os principais riscos de privacidade e segurança das informações tratadas e, a partir daí, estabelecer práticas sustentáveis e seguras, como por exemplo:


  • Coleta de dados minimizada: formulários digitais e simplificados, solicitando apenas o estritamente necessário para o atendimento inicial — por exemplo, nome, contato, dados do plano ou de faturamento. Dados sensíveis, como dados médicos, só quando indispensáveis no momento em que o médico consultar o paciente, ou ainda, na triagem do paciente.


  • Segurança digital: prontuários eletrônicos seguros, com no mínimo login e senha de acesso, substituindo as pastas físicas, deixando os arquivos físicos apenas aos documentos que necessariamente precisam ser guardados de forma física.


  • Treinamento da equipe: capacitação da recepção quanto à Lei Geral de Proteção de Dados, para que o paciente tenha todas as informações que precisar em relação aos tratamentos de dados que a clínica realiza, bem como para que as secretárias saibam o que podem ou não perguntar e como registrar informações com segurança.


  • Comunicação profissionalizada: uso de plataformas institucionais para confirmar ou cancelar consultas, com registros automáticos, segurança e transparência para o paciente. Evitando ao máximo o uso de telefones pessoais nesses tratamentos.


  • Política clara de privacidade: afixada em local visível e disponível para os pacientes, explicando como os dados são tratados, armazenados e os direitos dos titulares.


  • Controle de acesso físico e digital: salas de recepção reorganizadas para proteger a privacidade, documentos arquivados em locais trancados e sistemas com permissões rigorosas.


Por que a recepção é o ponto mais crítico para a LGPD em uma clínica?


  1. Contato direto com o titular: o primeiro momento em que o paciente entrega seus dados fornece a chance de reforçar a confiança ou causar desconfiança.


  2. Coleta ampla e variada de dados pessoais: a recepção é a porta de entrada para informações que vão muito além do básico, incluindo muitas vezes, dados sensíveis de saúde, de hábitos e de histórico médico.


  3. Alta rotatividade e vulnerabilidade humana: recepcionistas são muitas vezes multitarefas e não treinadas para cumprir políticas de privacidade rigorosas.


  4. Risco de vazamento físico e digital: erros no atendimento, documentos mal guardados ou uso inadequado de apps pessoais podem tornar dados acessíveis indevidamente.


Dicas práticas para blindar a recepção da sua clínica contra riscos da LGPD


  • Mapeie todos os dados coletados na recepção: questione se cada informação é realmente necessária.


  • Implante o uso de sistemas digitais seguros para cadastro e triagem: evite papel, se possível.


  • Capacite toda a equipe da recepção e liderança, com reciclagens frequentes.


  • Estabeleça controles de acesso claros — tanto no ambiente físico (portas trancadas, restrição de acesso) quanto nos sistemas digitais.


  • Use canais exclusivos e institucionais para o contato com pacientes — substitua o WhatsApp pessoal por sistemas profissionais.


  • Informe sempre o paciente sobre seus direitos, a finalidade do uso dos dados e políticas da clínica, sempre que necessário.


  • Tenha monitoramento contínuo e processos para lidar com incidentes de segurança da informação (vazamentos, acessos indevidos, etc.).


Resultado: uma recepção forte, segura e confiável


Sua recepção está preparada para receber pacientes com respeito, cuidado e conformidade? Não espere a desconfiança dos pacientes aparecer e a Compliance Saúde pode te ajudar nisso. Comece hoje a aderir à LGPD com foco na porta de entrada do seu atendimento.




 
 
 

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