Glosas em alta: como clínicas podem reduzir perdas financeiras com processos mais eficientes
- Alessandra Calisto Piloto

- 18 de ago.
- 2 min de leitura
Atualizado: 19 de ago.
As glosas são um dos maiores desafios de clínicas e hospitais no relacionamento com operadoras de planos de saúde. Mais do que uma questão administrativa, elas representam um risco direto ao fluxo de caixa e à sustentabilidade financeira das instituições.
Segundo o Observatório Anahp 2025, os números reforçam a gravidade do problema:
A glosa inicial gerencial subiu de 11,89% em 2023 para 15,89% em 2024.
O índice de recebimento gerencial caiu de 91,27% para 88,61%.
A inadimplência das operadoras disparou, passando de 49,96% em 2023 para 61,53% em 2024.
Esses indicadores mostram que as clínicas não podem mais tratar a glosa como “custo inevitável”. É preciso encará-la como risco de conformidade que precisa ser monitorado, prevenido e tratado com processos sólidos de governança.
O caso de uma clínica que reduziu 25% das glosas apenas com novos controles
Para ilustrar como mudanças práticas podem gerar resultados, trago a história de uma clínica parceira que enfrentava um cenário delicado: glosas recorrentes, processos manuais e retrabalho constante.
A situação estava afetando não apenas o faturamento, mas também a motivação da equipe, que se via sobrecarregada com correções e disputas administrativas.
Após um diagnóstico detalhado, a clínica adotou três medidas simples, mas transformadoras:
Padronização da documentação
Foi criado um checklist claro para cada procedimento, reduzindo falhas na coleta de informações.
O time passou a registrar de forma mais uniforme, evitando lacunas que antes eram alvo fácil de glosa.
Integração entre equipe assistencial e faturamento
As áreas passaram a se comunicar melhor, alinhando informações clínicas e administrativas antes do envio das contas.
Isso reduziu erros de registro e inconsistências que antes geravam questionamentos das operadoras.
Monitoramento sistemático das glosas
A clínica começou a acompanhar mensalmente os motivos das glosas.
As causas mais recorrentes foram mapeadas e tratadas com treinamentos direcionados e ajustes internos.
O resultado foi uma redução de 25% nas glosas, trazendo mais previsibilidade ao fluxo de caixa e fortalecendo a sustentabilidade financeira da instituição.
Dicas práticas para clínicas que querem reduzir glosas
Se a sua clínica também enfrenta esse problema, algumas ações podem fazer diferença imediata:
Invista em protocolos claros de registro: use checklists e padronize a documentação de procedimentos.
Promova a integração entre equipes: não deixe o faturamento “trabalhar sozinho”. Informações clínicas completas reduzem riscos.
Monitore indicadores de glosa: acompanhe os índices mensalmente e trate as principais causas com treinamentos e revisões de processo.
Capacite continuamente a equipe: áreas como faturamento, enfermagem e recepção precisam estar alinhadas às exigências das operadoras.
Envolva o compliance: enxergue a glosa como um tema estratégico de conformidade. Um bom programa de compliance pode estruturar controles internos e reduzir perdas.
Conclusão: da dor ao diferencial competitivo
Glosas sempre existirão, mas elas não precisam ser vistas como um “custo inevitável”.
Quando tratadas como risco operacional e de conformidade, elas se tornam um indicador poderoso para melhorar processos, reduzir desperdícios e fortalecer a governança financeira das clínicas.
Assim como no caso da clínica que compartilhei acima, mudanças estruturais — muitas vezes simples — podem gerar resultados expressivos em pouco tempo.
O desafio não é eliminar todas as glosas, mas criar um processo maduro, transparente e sustentável, que permita às clínicas minimizar perdas e atuar de forma estratégica.


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