44ª Reunião Técnica da COSAÚDE: O Que Clínicas, Hospitais e Laboratórios Precisam Saber
- Alessandra Calisto Piloto

- 27 de set.
- 2 min de leitura
No último encontro da Comissão de Atualização do Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde Suplementar (COSAÚDE), realizado pela ANS, foram debatidos temas que têm impacto direto no planejamento e nas operações de clínicas, hospitais e laboratórios.
A 44ª Reunião Técnica trouxe discussões sobre novas tecnologias de alto impacto clínico e financeiro, com destaque para Retocolite Ulcerativa (RCU), Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), Radioterapia de Intensidade Modulada (IMRT) e Implante de Válvula Aórtica Transcateter (TAV).
A seguir, apresentamos os principais pontos e seus reflexos para o setor.
1. Retocolite Ulcerativa (RCU Moderada a Grave) – Novas Terapias Biológicas
Dois medicamentos foram debatidos: Guselkumab (UAT 167) e Risankizumab (UAT 172).
Relevância clínica: Pacientes com RCU refratária à terapia anti-TNF enfrentam risco 50% maior de hospitalização e necessidade de cirurgia em mais de 10% dos casos.🔹 Benefícios esperados: Cicatrização da mucosa, redução de recaídas e menores complicações.
Aspecto econômico: Estudos sugerem economia de até R$ 20 milhões em 5 anos, considerando a redução de complicações e hospitalizações.
Impacto para clínicas e hospitais: Atualização de protocolos clínicos e de faturamento será essencial, caso haja incorporação.
2. Dupilumab para DPOC Grave
A tecnologia Dupilumab (UAT 166) foi avaliada como terapia complementar para pacientes com DPOC exacerbada e inflamação tipo 2.
Relevância clínica: Exacerbações aumentam mortalidade, custos de UTI e risco cardiovascular.
Gestão de custos: Restrição da indicação para pacientes Gold 3 (VEF1 < 50%) pode reduzir impacto orçamentário.
Impacto econômico: ANS estima até R$ 1,5 bilhão em 5 anos.
Impacto para clínicas e hospitais: Acompanhamento de diretrizes e elegibilidade é essencial para evitar prescrições fora de critérios e possíveis glosas.
3. IMRT para Tumores do Reto
A Radioterapia de Intensidade Modulada (IMRT – UAT 170) recebeu recomendação preliminar favorável.
Benefícios assistenciais: Reduz toxicidade aguda e tardia, melhora adesão ao tratamento e reduz complicações.
Prática clínica consolidada: Considerada padrão internacional, sua não utilização é questionada eticamente.
Impacto orçamentário: Estimado em R$ 25 milhões ao ano, mas compensado por redução de custos com complicações.
Impacto para clínicas e hospitais: Revisar protocolos oncológicos e avaliar capacidade técnica instalada para adoção da tecnologia.
4. Implante de Válvula Aórtica Transcateter (TAV) – Baixo Risco
O TAV (UAT 160) foi debatido para pacientes de baixo risco cirúrgico, após recomendação preliminar desfavorável.
Benefícios clínicos: Procedimento minimamente invasivo, com recuperação rápida e menor tempo de internação.
Incerteza: Durabilidade da válvula em pacientes mais jovens permanece um desafio.
Impacto orçamentário: Recalcular a idade mínima para 75 anos reduziu o impacto, mas ainda pode chegar a R$ 940 milhões/ano.
Impacto para clínicas e hospitais: Necessidade de planejamento estratégico na rede credenciada e protocolos clínicos consistentes.
Conclusão: Compliance como Aliado Estratégico
As discussões da 44ª COSAÚDE mostram que as decisões da ANS vão muito além da cobertura obrigatória — elas moldam a sustentabilidade financeira, a gestão de riscos e a prática assistencial.
Para clínicas, hospitais e laboratórios, estar em compliance significa:
✅ Antecipar ajustes em protocolos clínicos.
✅ Revisar processos de faturamento e elegibilidade.
✅ Integrar equipes assistenciais e administrativas na gestão de novas tecnologias.
✅ Monitorar de perto os impactos orçamentários e jurídicos.
O Rol da ANS não é apenas uma lista. É uma agenda estratégica para todo o setor de saúde suplementar.


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